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terça-feira, 31 de janeiro de 2012

A DIVERSIDADE DISCURSIVA


Já repararam na beleza das conjunções adversativas?
Para muitos essas conjunções são irritantes e, às vezes insuportáveis. Tendemos a dar preferência a períodos sintáticos simples ou, quando muito, períodos compostos assindéticos ou por coordenações aditivas, alternativas, explicativas ou conclusivas. Basta inserir uma conjunção adversativa para alguém torcer o nariz, respirar fundo e querer cortar a língua do responsável que as pôs em cena.

O período completo é determinado pelo ponto final e composto por sujeito e predicado. "Eu amo você", "a felicidade é um bem supremo", "todos devem comemorar". Quando muito, aceitamos um período composto, isto é, frases que tenham mais de uma oração, desde que não comprometam a simplicidade da informação. Desse modo, podemos desenvolver os exemplos acima com conjunções aditivas: "Eu amo você e quero te fazer feliz"; conjunções explicativas: "todos devem comemorar porque fomos vencedores" ou conclusivas: "a felicidade é um bem supremo, logo deve ser por nós adquirida". Arrisquem colocar uma adversativa - porém, mas, todavia, contudo, entretanto, senão - e veja o caos que irá causar.
Contudo, (eis uma adversativa), o uso dessas conjunções permite a nossa capacidade de compreender o quanto a vida é complexa e, por isso, bela. As adversativas impedem as generalizações que matam as particularidades; permitem que a diversidade de idéias e opiniões possam se justapor e enriquecer o discurso. Levam-nos sempre a harmonizar a macroestrutura com a micro. Permitem-nos entender que a beleza da linguagem, não está nas generalizações, mas nos contrapontos que a mesma pode estabelecer por meio desse recurso conjuntivo. Mais que tudo, as adversativas nos obrigam a entender que nossa ilusão de verdade é apenas um ponto de vista, pois não estamos sozinhos no mundo e nem fazemos parte de um mundo acabado.
Somos PARTE de um mundo que é vivo e dinâmico, porque incompleto, no qual o ponto de vista do outro nos tira de nossa mesmice e nos leva para além de nós mesmos. Amem as adversativas e usem-na sem nenhuma censura ou moderação.

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